Nunca para sempre

Aquele final de tarde com o céu alaranjado, uma fresca brisa matutina farfalhava as folhas das velhas árvores aos arredores da velha casa onde estavam ali na varanda dois velhos homens, de cabelos acinzentados, corpo cansado, de todos esses anos de vida mas ainda assim curiosos sobre as coisas da vida. Ambos se balançavam na cadeira de balanço e perdiam a vista pelo horizonte alaranjado. Então o primeiro velho questiona:
- Nesses anos todos, nesse imenso mundo, eu gostaria de saber se algo é para sempre!
-Mas meu caro, porque não seria?
-Eu nunca pude ver algo ser para sempre, como voce sabe todos morrem quando menos esperamos, a qualquer momento alguem pode ser demitido do emprego que estava a anos, o dinheiro que deixei embaixo do colchão era uma fortuna mas na época do cruzeiro agora são velhos papéis sem valor algum, os olhos mansos de minha amada que juramos amor eterno ora fechou-se para mim, então me diga algo que dure para sempre!
Então com um gesto de quem esta confuso e procurando uma resposta, o velho coça a cabeça e responde:
- Hmm... talvez voce estivesse certo, mas desses anos todos nossa amizade prevaleceu até hoje, não seria então alguns sentimentos verdadeiros eternos?!
-Sim durou, mas não é mais a mesma daqueles tempos, ja fomos tão proximos, íntimos... hoje somos dois velhos sem ninguém que esporadicamente nos encontramos para levar um papo.
-Você tem razão - ele faz uma pausa, mas em seguida da um pulo e continua- Não,não, na verdade, nada se acaba!
- Como não?
E ele entusiasmado diz:
-Não existem perdas, existem mudanças. Nossa amizade apenas mudou mas ainda existe, não existe mais toda aquela mesma intensidade e proximidade mas ela só se transformou numa amizade mais "branda". A pessoa que é demitida não perdeu nada, passou por uma mudança de sua vida, na qual terá que tomar novos rumos diferentes daquele de sua rotina de quando estava nesta empresa. Você não perdeu sua amada, foi uma mudança em que o amor que ora forá verdadeiro mostrou-se ser um amor enganoso. Tudo muda meu velho, tudo...
Então com a expressão de quem matutava ficou por mais alguns minutos até que se deu por satisfeito e tornou a se perder no horizonte agora azulado.
-Não esquecereis, que as coisas humanas apenas mudanças incertas são.

0 comentários:

Postar um comentário